segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Chega de trevas, a estrela brilhará na América

 Ao contrário da imprensa esportiva convencional, que abandona as suas origens e prefere se tornar imprensa policial a noticiar as alegrias da derradeira rodada do brasileirão 2013, prefiro manter minha coerência e retratar o que de fato apenas o esporte pode nos proporcionar. Seguindo o que tanto se falou nos últimos dias, como nos ensinou Nelson Mandela, o esporte tem a força de mudar o mundo. Cabe a nós, no entanto, saber qual será o foco dessa mudança. Eu prefiro falar de alegria!

Com um campeonato morno e já decidido há muitas rodadas, pouco se disputava no último fim de semana. A missão mais emblemática, como não poderia deixar de ser, coube ao mais emblemático dos clubes brasileiros. Teríamos que frear a queda livre que nos assola nos momentos decisivos dos últimos anos, teríamos que driblar o clima de insatisfação que separava o time, a diretoria, e a torcida, teríamos que reverter um clima de pessimismo instaurado após dois revezes fora de casa e teríamos que contar com resultados de outros jogos. Enfim, como já estamos acostumados, tudo conspirava contra.

No entanto, o que ocorreu ontem, nos remete a outras eras alvinegras. O time entrou em campo com espírito vencedor, sufocando o adversário, abrindo o marcador logo no inicio do jogo e quase não sendo ameaçado (exceção feita a dois bons chutes adversários, onde o maior ídolo do nosso plantel mostrou que Felipão tem razão em garanti-lo para a copa de 2014). A torcida, num misto de empolgação pela real possibilidade de voltar a disputar a competição mais importante das Américas, e um espírito de homenagem a Nilton Santos, lenda-mor alvinegra, falecido há menos de 15 dias, voltou a encher as arquibancadas. A festa promovida pelos torcedores, como a muito tempo não se via, mostrou a verdadeira cara da torcida botafoguense. A angustia de nossos corações foi recompensada pelo deleite proporcionado pelos torcedores a nossos olhos e ouvidos.Uma torcida que deveria ser notícia, ao contrário do que se vê, onde a visibilidade está com quem briga e não com quem festeja. Por último, um outro ingrediente nos coroou com a vaga no G4, ingrediente esse que a muito tempo não se via por essas bandas, e nos dá tanta certeza de que o G4 não virará G3, A SORTE! Pudemos contar com a vitória de um Santos já de férias, fora de casa, contra um surpreendente Goiás.

A sorte está ao nosso lado, chega de sofrimento. O Lanús- ARG é sim o favorito, vai jogar em casa, onde já eliminou 3 grandes times das Américas (Universidade do Chile, River Plate e Libertad) e ainda está invicto. Quanto a rebaixada Ponte, vista por parte da imprensa, pasmem, como favorita, fez a melhor campanha de sua centenária história, mas convenhamos, a história de Davi contra Golias da final do ano passado - usando um pouco de licença poética para assim definir os argentinos do Lanús-  deverá se repetir e a vaga para a libertadores não há de nos ser tirada.


Parabéns aos alvinegros, estaremos de volta às Américas, e dessa vez para conquista-la. Chega de trevas, A ESTRELA BRILHARÁ!

sábado, 7 de dezembro de 2013

17 anos em 90 minutos

Muitas vezes tratamos o jogo de amanhã entre Botafogo e Criciúma como o mais importante do ano. Longe disso. O jogo de amanhã traz uma carga que nos persegue há anos, desde a nossa última aparição na Copa Libertadores da América. Essa carga, que se acentua a cada campanha que nos impõe a pecha de “cavalo paraguaio”, essa carga que cresceu em 1999, no maracanazzo alvinegro, onde 120mil botafoguenses viram o título da Copa do Brasil escorrer pelos dedos, após um insípido 0x0 contra o modesto Juventude-RS, essa carga que nos assombrou em 2007, no escândalo da “pior arbitragem da história” protagonizada pela bandeirinha Ana Paula em uma semi-final da mesma copa do Brasil, dessa vez contra o Figueirense.
São quase 20 anos de insucessos em competições nacionais e internacionais (afinal, como esquecer o vexame protagonizado pela mesma equipe de 2007 ante um indefeso River Plate pela copa Sulamericana, quando o time foi recepcionado pela torcida no aeroporto com uma chuva de pipocas, em alusão ao comportamento displicente de alguns no jogo do Monumental de Nuñes). Desde nosso triunfo de 1995, nos mantivemos protagonistas nos estaduais (com exceção do período entre 97 e 2006), mas a nível nacional fracassamos sempre que testados, com o ápice da desgraça sendo atingido com o rebaixamento de 2002.

O jogo desse domingo, representa muito mais do que a chance de voltarmos à libertadores, representa a coroação e perpetuação de um processo de crescimento do time do Botafogo. Nossos jogadores provavelmente não fazem ideia do peso e da responsabilidade que carregarão a campo amanhã. Tampouco a grande mídia, que se julga capaz de criticar o comportamento de nossa torcida, sem saber do que está falando. Para compreender toda a fome que temos, não apenas por uma vaga na Libertadores, mas por reconhecimento, por voltar a fazer história, não basta ser graduado em jornalismo, especialista em futebol, ou o que quer que seja. Se faz necessário ser alvinegro, ter estado na arquibancada em grande parte dos insucessos já citados, ter sentido na pele as emoções que sentimos, ter voltado do Maracanã, calado e triste, jurando nunca mais voltar, mas como todo apaixonado, voltar, arrependido de ter duvidado. É preciso ter se iludido, não uma mas várias vezes, achando que “agora vai”, que o título dessa vez não escapa, mas na hora H...


Numa semana tão importante para nós, o que se viu na mídia foi boatos dando conta de que nosso técnico iria para o Santos, nosso craque supostamente se oferecera ao Fla e que o nosso planejamento para o próximo ano prevê uma disputa de Libertadores para a qual não nos classificamos de véspera. Chamo a atenção, portanto, ao que realmente devemos nos preocupar, ao contrário das “mais lidas da semana”, o que de fato deveria entrar em campo (e preferencialmente, também nas arquibancadas) seriam os quase 20 anos de fantasmas que precisaremos exorcizar nos próximos 90 minutos. 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O que Nilton Santos representa para a geração pós 1960.

É muito difícil escrever sobre algo tão inexplicável como Nilton Santos. Poucos conseguiram ser justos ao descrevê-lo, e talvez apenas Armando Nogueira tenha conseguido ser brilhante nessa tarefa. No entanto, mais algumas palavras sobre o ídolo nunca são demais, por tudo que ele representa para o Botafogo, para o futebol brasileiro e para o esporte internacional.
O meu foco para falar de Nilton Santos, é um pouco diferente, e a necessidade de escrever partiu após uma observação. Ao acompanhar a despedida ao mestre, a última vez que Nilton Santos esteve nos braços de sua torcida, a caminho de seu derradeiro lar, pude conferir que a maior parte dos presentes, assim como eu mesmo, nunca tínhamos visto Nilton Santos jogar, muitos nem mesmo eram nascidos durante sua época de dirigente do alvinegro. Como explicar esse fascínio que ele ainda causa à torcida, fascínio esse que me faz escrever o texto, e provavelmente lhe faz ler, sem nunca tê-lo visto vestir nosso manto em campo?

Nilton Santos, apesar de ser um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, não é o nosso maior craque (posto esse ocupado merecidamente pelo Mané, seu grande amigo e companheiro de Botafogo e seleção), no entanto, sem dúvidas, é a figura maior do panteão de Deuses do Botafogo, o ídolo maior, pois é a personificação de tudo aquilo que acreditamos que cada jogador deve ser ao vestir nossa gloriosa camisa. Até mesmo, sobre o amor que cada torcedor tem que sentir ao entoar o nosso hino. Mais do que um jogador, Nilton Santos já nos foi apresentado como mito. Ao ouvir todas as lendas que envolvem seu nome, geralmente contadas por nossos pais e avós, várias gerações cresceram (e ainda crescem) idealizando tudo aquilo que ele representa, e sempre representará, para o nosso clube.

Nilton Santos, para todo botafoguense com menos de 50 anos, não é um jogador, é uma entidade, que sempre esteve num plano etéreo, como se estivesse fora do alcance de nós mortais, dentre esses inclusive, outros craques alvinegros. Como todo mito, será eterno enquanto suas histórias forem contadas de pai para filho, e sem dúvida, enquanto houver um coração alvinegro, Nilton Santos viverá.